O que Acontece

Sociedade Brasileira de Hansenologia promove curso de especialização para médicos do MT

São 20 vagas distribuídas entre as 16 Regionais de Saúde do estado, com titulação em hansenólogo para atuar na prevenção, diagnóstico e reabilitação da Hanseníase

A Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH) firmou parceria com a Secretaria de Estado de Saúde do Mato Grosso (SES-MT) para oferecer Curso de Especialização na área a médicos atuantes no Sistema Único de Saúde (SUS) do Estado.

A medida é importante para o Estado de Mato Grosso, considerado hiperendêmico para a hanseníase, ocupando a 1ª posição no país em número de casos. De acordo com a matriz de especialistas em Hansenologia da SBH, somente no Mato Grosso são necessários de 30 a 60 médicos com essa formação acadêmica para atuar no diagnóstico e reabilitação da hanseníase no Estado.

Serão ofertadas 20 vagas no curso, a serem distribuídas entre as 16 Regionais de Saúde da SES-MT. A certificação será pela Escola de Saúde Pública (ESP-MT) e pela SBH, que firmaram um Termo de Cooperação Técnica. A prova de título para a obtenção da titulação de hansenólogo é feita pela SBH, e o certificado de área de atuação em Hansenologia é emitido pela Associação Médica Brasileira (AMB).

A previsão é que o edital sobre o curso e a data de inscrição seja divulgado em maio.

Para o presidente da SBH, dermatologista Cláudio Salgado, “a parceria vai permitir não apenas ampliar o número de hansenologistas e de diagnósticos da doença no Brasil, como também reforçar o quadro de especialistas para enfrentar a endemia oculta de hanseníase”.

Segundo Cláudio, não é possível chegar ao controle da doença em poucos anos e sem profissionais capacitados. “Por isso, esperamos ampliar as parcerias e desenvolver ações em conjunto com as secretarias e Ministério da Saúde para que o Brasil, que já é o país que mais diagnostica a hanseníase, consiga dar passos firmes para controlar esta doença como problema de saúde pública”, finaliza.

Hansenologia no Brasil

O Brasil é o 2º país com mais casos de hanseníase no mundo, perdendo apenas para a Índia, que detém também o maior número de notificações de casos novos por ano. Anualmente, são registrados cerca de 30 mil novos casos da doença no Brasil. Recentemente, o Brasil alcançou o primeiro lugar em taxa de detecção (percentual de diagnóstico em relação à população), ultrapassando a Índia.

A Sociedade Brasileira de Hansenologia alerta que é alto o número de pacientes que aguardam diagnóstico em hanseníase e que, por isso, há uma endemia oculta da doença no país. A entidade defende que os números reais sejam de 3 a 5 vezes maiores do que os dados notificados.

A hanseníase é provocada por um bacilo e o paciente pode apresentar manchas esbranquiçadas ou avermelhadas na pele, diminuição ou perda de sensibilidade. O bacilo ataca os nervos e é comum o paciente se machucar e não sentir. O diagnóstico é clínico.

A doença tem cura e seu tratamento é gratuito – a medicação é doada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) ao Brasil. Ainda assim, o Brasil é um país que diagnostica tardiamente a hanseníase, quando o paciente já convive com a doença por anos e apresenta sequelas irreversíveis e incapacitantes.

O diagnóstico precoce evitaria milhões de reais em benefícios pagos pelo INSS por afastamentos temporários ou permanentes por hanseníase. Em tratamento regular, o paciente deixa de transmitir.

Sugestão de entrevistado

Claudio Guedes Salgado, dermatologista, hansenologista, doutor em Imunologia de Pele pela Universidade de Tóquio, professor titular da Universidade Federal do Pará, palestra em congressos médicos no Brasil e exterior, colabora com estratégias de enfrentamento à doença com o Ministério da Saúde, com governos estrangeiros e com a Relatoria Especial das Nações Unidas para a Eliminação da Discriminação das Pessoas Afetadas pela Hanseníase e seus Familiares. Ele é autor de um estudo publicado inovador mundialmente que abre portas para novas pesquisas em busca da cura para a hanseníase.

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