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Sociedade Brasileira de Hansenologia lança 2ª turma de especialização

1a turma do Curso de Especialização em Hansenologia em atividade pratica na penitenciaria feminina Ana Maria do Couto em Cuiabá-MT

1a turma do Curso de Especialização em Hansenologia em atividade pratica na penitenciaria feminina Ana Maria do Couto em Cuiabá-MT

Depois de 40 anos, Brasil tem o primeiro curso de Especialização em Hansenologia para médicos do SUS – segunda turma será lançada no Congresso da SBH em setembro

A segunda turma do curso de Especialização em Hansenologia, oferecido pela Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH) em parceria com a Escola de Saúde Pública da Secretaria Estadual de Saúde do Mato Grosso (ESPMT), será lançada na 17ª edição do Congresso Brasileiro de Hansenologia, que ocorre de 17 a 23 de setembro, em Cuiabá-MT. O curso é exclusivo para médicos do SUS.

A nova turma tem vagas para 20 alunos e está sendo comemorada. Em graduação, as universidades brasileiras não têm ou tem oferecido escassa carga horária para a disciplina de Hansenologia – por quatro décadas o Brasil não ofereceu opção de Especialização na área. País de alta endemicidade para a hanseníase, 2º no ranking mundial em número de casos, atrás apenas da Índia, e 1º no mundo em taxa de detecção (percentual de novos diagnósticos a cada grupo de 10.000 habitantes), o Brasil precisa de hansenólogos para enfrentar a endemia. Durante o congresso, no dia 18, a SBH inicia a solenidade de abertura da segunda turma de Especialização em Hansenologia em parceria com a ESPMT, às 18h. No mesmo dia pela manhã, às 8h, 20 formandos da primeira turma apresentam os trabalhos desenvolvidos para a conclusão do curso, em sessão pública.

As universidades brasileiras não oferecem a disciplina de Hansenologia nem para graduandos. “Em dado momento, autoridades e sociedade civil entenderam que a hanseníase estava controlada no país e o tema foi retirado dos cursos de formação de profissionais de saúde. Essa e outras medidas fizeram com que a doença deixasse de ser enxergada, diagnosticada e tratada. Por isso, o Brasil vive hoje uma endemia oculta de hanseníase, ou seja, apesar de o país diagnosticar 90% dos casos nas Américas, ainda há de três a cinco vezes mais doentes sem diagnóstico pelo país todo”, comenta Marco Andrey Cipriani Frade, presidente da SBH.

O curso é gratuito e podem se candidatar a uma vaga médicos que atuam no SUS no estado do Mato Grosso. A especialização em Hansenologia faz parte de uma estratégia sustentável, com ações de curto, médio e longo prazo, para controlar a doença no país. Segundo a SBH, em todas as regiões brasileiras onde há capacitação de profissionais de saúde para a hanseníase, o número de casos novos notificados cresce substancialmente, “dando visibilidade à endemia oculta anunciada por especialistas e abrindo, ao paciente, o acesso ao tratamento”, diz o presidente da SBH.

Além da Especialização em Hansenologia SBH/ESPMT, o Brasil conta apenas com três programas de residência médica na area de atuação em Hansenologia: na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Hospital Universitário Gafré Guinle (UNIRIO).

Congresso

O 17º Congresso Brasileiro de Hansenologia é o maior evento sobre o tema no Brasil. O evento reunirá especialistas brasileiros e estrangeiros, movimentos sociais, organizações de Direitos Humanos e profissionais da Atenção Básica à Saúde, estudantes e pesquisadores, enfermeiros, fisioterapeutas, profissionais de História, Direitos Humanos e outros. O tema do evento é “150 anos da descoberta do Mycobacterium leprae” – informações e inscrições em www.sbhansenologiacom.br. 

Hanseníase

É provocada pelo Mycobacterium leprae ou Bacilo de Hansen que causa inflamação nos nervos. O bacilo cresce lentamente e o paciente começa a sentir formigamentos, fisgadas e dores pelo corpo, os nervos ficam espessados pela inflamação e, com o tempo, o doente pode ter diminuição da sensibilidade em algumas áreas do corpo. Nessa fase, a pessoa pode machucar-se e não sentir dor ou perceber pouca dor. Em alguns anos, com o diagnóstico tardio e a evolução da doença, várias regiões do corpo podem perder totalmente a sensibilidade.

O diagnóstico é clínico – no consultório, o médico faz testes na pele com fios de nylon de diferentes espessuras e peso para testar se há diminuição de sensibilidade, faz palpação de nervos para conferir se estão espessados e inflamados, além de outras avaliações. A hanseníase tem tratamento gratuito em todo o Brasil e tem cura. 

AGENDA

17º Congresso Brasileiro de Hansenologia

Data: 17 a 23 setembro

Local: Deville Hotel, Cuiabá-MT

Informações: www.sbhansenologia.com.br

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