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SBH pede ao governo compra emergencial de medicamentos substitutivos para hanseníase

SBH pede ao governo compra emergencial de medicamentos substitutivos para hanseníase

Brasil é o 2o país com mais casos da doença. Presidente da sociedade médica alerta que não há denúncias de desabastecimento no mundo

Em reunião da recém-criada Frente Parlamentar de Enfrentamento da Hanseníase, nesta quinta-feira, 24 de outubro, Claudio Salgado, presidente da Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH), propôs à Coordenadoria-geral de Vigilância das Doenças em Eliminação do Ministério da Saúde a compra emergencial de medicamentos substitutivos para suprir a falta de PQT (poliquimioterapia, coquetel de drogas para tratamento da hanseníase) no Brasil.

Ficou decidido que o Ministério da Saúde solicitará, na Comissão Externa, um termo de aquisição de medicamentos substitutivos com recursos para enfrentamento da Covid-19, visto que o desabastecimento teve como causa principal a pandemia.

Claudio Salgado lembra que o Brasil deve ser o único país onde falta medicação para os pacientes de hanseníase. “Nas listas de discussão brasileiras e estrangeiras das quais participamos, e que reúnem especialistas de vários países, não há denúncias de desabasteciento de PQT em outros países.

Desde o início da pandemia, a SBH vem recebendo denúncias de falta de medicamento para pacientes que estão com seus tratamentos interrompidos. A hanseníase tem cura e o tratamento é feito com antibióticos. Quando inicia o tratamento, o paciente deixa de ser transmissor da doença. Se interrompe a ingestão de medicamentos, além de voltar a transmitir a hanseníase, há o risco de surgimento ou agravamento de sequelas – que podem chegar a ser incapacitantes e irreversíveis. O paciente ainda pode ter reações como dores pelo corpo, por exemplo, que o impedem de cumprir atividades rotineiras, trabalhar ou estudar.

Durante a reunião desta quinta-feira, com a presença de representantes do Ministério da Saúde, diretores da SBH, Frente Parlamentar de Enfrentamento da Hanseníase, pacientes, sociedades médicas e organizações sociais que representam pacientes e famílias de vítimas da hanseníase, como o Movimento de Reintegração das Pessoas Afetadas pela Hanseníase e seus Familiares (Morhan), a coordenadora-geral de Vigilância das Doenças em Eliminação, Carmelita Ribeiro Filha, alegou interrupção da fabricação e problemas logísticos para recebimento de PQT no Brasil. A medicação para tratamento da hanseníase é doada ao Brasil pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e não houve interrupção da produção durante a pandemia, conforme informa a OMS no site zeroleprosy.org , uma coalisão de organizações que atuam no combate à doença no mundo, tendo a OMS como observadora.

A SBH oficiou o Ministério da Saúde para que apresente a documentação de solicitação de drogas à OMS e distribuição no Brasil para levantar responsabilidades pela falta de medicação no país e acionar organismos, no Brasil ou exterior, a fim de evitar que o problema volte a ocorrer. Por enquanto, a documentação não foi liberada. Solicitou também levantamento sobre contaminação por coronavírus e mortes por COVID-19 em pacientes de hanseníase, já que o país possui um dos melhores sistemas de acompanhamento de pacientes do SUS, especialmente de doenças de notificação compulsório, que é o SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação).

“Torcemos para que o Ministério da Saúde importe medicação substitutiva – lembrando que o país já é o segundo colocado no ranking mundial da hanseníase – e aguardamos posicionamento do governo”, diz Salgado.

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