O que Acontece

Federação paulista dos hospitais diz que Ribeirão Preto precisa adquirir leitos da rede privada com urgência

Federação paulista dos hospitais diz que Ribeirão Preto precisa adquirir leitos da rede privada com urgência

Presidente da entidade diz que hospitais de campanha são um erro estratégico e que Ribeirão Preto vive o cenário já experimentado por Manaus

O presidente da FEHOESP-Federação dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo e SindRibeirão-Sindicato local, médico Yussif Ali Mere Jr., disse hoje (10/7) que os hospitais da rede particular do estado ainda podem criar leitos de UTI para o SUS e comparou o cenário atual de casos de COVID-19 em Ribeirão Preto à situação experimentada por Manaus, capital brasileira que vivenciou cenário desesperador durante esta pandemia com falta de leitos e condições de atender aos doentes.

Yussif Ali Mere Jr. alertou que a situação a que Ribeirão Preto apresenta hoje não era esperada, mas que a cidade poderia ter negociado novos leitos com a rede privada. “Há cerca de dois meses, o HC de Ribeirão Preto tinha ocupação de 50% dos leitos disponíveis para a COVID-19; ninguém esperava que chegasse rapidamente a 100% como aconteceu, mesmo assim, o que precisaria ter feito é criar leitos de UTI”.

Ainda há possibilidade de disponibilização de leitos da rede particular para o SUS. “Os hospitais estão lotados, mas existe possibilidade de diálogo. Isso está colocado para o governo estadual. Nos colocamos à disposição, mas não avançou a ideia de se criar esses leitos. Muitas prefeituras pequenas no estado de São Paulo se adiantaram a isso e compraram leitos dos hospitais privados. Ribeirão não fez isso, mas a situação atual exige mais leitos”. A rede privada de hospitais , pela migração significativa de usuários dos planos de saúde para o SUS, segundo Ali Mere Jr., tem condições, ainda, de criar leitos.

Sobre a criação de hospitais de campanha para o interior paulista, onde a contaminação pelo novo coronavírus tem crescido significativamente, o presidente da FEHOESP diz que as estruturas armadas foram um erro estratégico por não suportarem estruturas mais complexas como as de UTI. “Disponibilizar leitos de enfermaria é a mesma coisa que isolar o paciente em casa para acompanhamento”, comparou.

Cloroquina

Sobre o uso da cloroquina e outros medicamentos que ainda não têm protocolo científico para tratamento da COVID-19, Yussif Ali Mere Jr. lamentou a politização do debate. “A decisão é do médico. Por enquanto temos mais notícias de complicações pelo uso de medicamentos ainda sem protocolo para tratamento da COVID-19 do que soluções; e não temos pesquisas que comprovem a eficácia”, analisou.

O médico ainda comentou sobre a politização do debate em torno dos protocolos de tratamento para a COVID-19. “Trata-se de um caso que é científico usado politicamente. Nosso inimigo é o vírus. Vemos alguns casos de prefeitos que começaram a distribuir cloroquina para a população e isso é um absurdo porque o medicamento tem de ser administrado pelo médico. O que não podemos fazer é transformar um assunto científico em debate político ideológico”.

Receba Novidades