Texto Comunicação

SBH alerta Ministério da Saúde sobre vulnerabilidade de pacientes de hanseníase na pandemia

Desde o início da pandemia, a Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH) vem solicitando ao Ministério da Saúde informações sobre as denúncias de falta de medicação para tratamento das pessoas afetadas pela hanseníase no país – o Brasil é o segundo país com mais casos da doença, perdendo para a Índia –, porém, até o momento o governo brasileiro não disponibilizou as informações e as denúncias sobre interrupção dos tratamentos de hanseníase continuam em várias regiões brasileiras.

O paciente de hanseníase deixa de transmitir a doença quando está em tratamento. A interrupção do tratamento por falta de medicamento traz riscos como surgimento de dores, agravamento de quadros de sequelas que podem chegar a incapacitar e tornarem-se irreversíveis, cegueira etc.

“Solicitamos informações ao Ministério da Saúde porque é inconcebível que falte medicação ao paciente, uma vez que a Organização Mundial de Saúde doa ao Brasil todos os medicamentos para tratamento da hanseníase, bastando ao governo brasileiro fazer o devido planejamento de solicitação com base nos tratamentos em andamento e no índice de novos diagnósticos”, diz o dermatologista Claudio Sagado, presidente da SBH.

Ao Ministério da Saúde, a SBH pediu informações sobre:

– Quantitativos de medicamentos para todos os pacientes que são: os paucibacilares (ou PB, que apresentam poucos bacilos e representam 30% dos notificados no país), crianças (que somam quantidade preocupante), além dos multibacilares (ou MB, pacientes que se apresentam com alta carga de bacilos).

SBH também questionou: “Temos recebido informações de que faltam também os poucos antibióticos substitutivos disponíveis”. E acrescentou que “preocupa sobremaneira a informação de que a próxima remessa ainda está com processo de importação em andamento. Como já nos referimos anteriormente, além de angustiante, a reação em cadeia finaliza no paciente, que não tem a quem recorrer e cobra do médico a medicação. O médico fica, então, de mãos atadas diante da situação tendo, por vezes, que recorrer a procedimentos inusitados, como internar o paciente para tentar controlar quadros que deveriam estar sob controle com a PQT (poliquimioterapia). Além disso, claro que apenas uma pequena parcela tem essa possibilidade de internação, com o sofrimento sendo maior em áreas mais pobres e negligenciadas do país”.

Há meses a SBH solicita ao governo informações sobre o quantitativo de PQT solicitado à OMS no final de 2019, para a cobertura de todos os casos de hanseníase que seriam diagnosticados em 2020. “Quando nos perguntam a razão da falta do medicamento em agosto, portanto, próximo à metade do ano, não temos como esclarecer, visto que não recebemos esta informação do Ministério da Saúde, e nem conseguimos tampouco questionar a OMS. Se houve solicitação do quantitativo adequado da PQT para a OMS, e não foi enviado, já nos manifestamos antes de que a SBH fará um posicionamento oficial à OMS, questionando a situação. Enquanto isso, não há o que fazer no plano internacional”, comunicou o presidente da SBH oficialmente ao Ministério da Saúde.

Segundo Salgado, no webinário com o estado de Pernambuco, em 28 de agosto de 2020, ficou claro que há um problema significativo em relação a pacientes que não estão respondendo ao tratamento convencional com a PQT. “No entanto, apesar de termos drogas que podem auxiliar nessa luta contra bacilos que, ao que tudo indica, são resistentes ao tratamento convencional, a situação se encontra exatamente como antes do webinário, que aconteceu há mais de 10 dias. Diante da situação de emergência, tanto lá quanto na colônia do Prata, como citei na reunião, e como já publicado em revista científica internacional, me parece que ações no sentido de disponibilizar novas drogas já deveriam ter sido tomadas. Gostaríamos de saber qual a situação atual em relação, pelo menos, aos pacientes destas duas áreas, e também quanto ao comunicado que foi informado no webinar que o Ministério faria à OMS, de que a PQT não estaria funcionando em uma parte dos pacientes, em especial estes de Pernambuco, discutidos no webinário”.

Sair da versão mobile