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O que é o 16º Congresso Brasileiro de Hansenologia

Vitória recebe, de 7 a 10 de dezembro, a 16ª edição do Congresso Brasileiro de Hansenologia, realizado pela Sociedade Brasileira de Hansenologia. Trata-se do maior evento, no país, sobre o tema.

Cenário da hanseníase no Brasil
O Brasil é o segundo país com mais casos de hanseníase no mundo. Perde somente para a Índia em números absolutos. Porém, o Brasil já é o primeiro país em taxa de detecção; ou seja, número de casos novos em relação à população, que em 2019 foi de 13,23 casos x 100.000 habitantes, caindo substancialmente para 9,89 em 2020 em razão da pandemia COVID-19.

Hanseníase tem cura
A doença tem cura, tem tratamento gratuito em todo o território nacional, não faltam medicamentos (são doados pela OMS ao país) e o diagnóstico é clínico, ou seja, o paciente apresenta sinais e sintomas típicos que podem ser percebidos em uma consulta. Em tratamento, o paciente deixa de transmitir a hanseníase.

Como o bacilo causador da doença agride os nervos, o paciente apresenta nervos espessados, manchas de forma irregular avermelhadas ou esbranquiçadas pelo corpo, perda de pelos nas manchas, diminuição e até perda total de sensibilidade nas manchas, onde também não há suor, apresenta mal estar geral etc.

Doença subdiagnosticada
Os hansenologistas alertam que o conjunto de sinais e sintomas é suficiente para o diagnóstico, mas como a doença foi equivocadamente considerada controlada há anos, os profissionais de saúde não são preparados nas universidades para diagnosticar a hanseníase. Por isso, é comum o paciente conviver muitos anos com o Mycobacterium leprae, bacilo causador da hanseníase, transmitindo a doença a seus comunicantes. Esses pacientes passam por inúmeros serviços de saúde e não raro são diagnosticados com doenças reumatológicas, por exemplo (por causa de dores nas articulações), trombose (por causa da dificuldade em caminhar), e até enfarto (pelas dores nos nervos dos braços), além de várias outras doenças.

-No Brasil, são notificados cerca de 30 mil novos casos/ano – número similar aos novos casos de HIV positivo e AIDS.

-O número de crianças menores de 15 anos com hanseníase é preocupante – como a doença demora alguns anos para se manifestar, os casos em menores de 15 anos sinalizam que as crianças estão sendo contaminadas dentro de casa.

-A medicação (PQT ou poliquimioterapia) é um coquetel de antibióticos usados há 40 anos e há aumento da resistência do bacilo aos medicamentos, mas o Brasil tem condições de fabricar novas drogas.

-Enquanto isso, a hanseníase é subdiagnosticada – a doença há anos foi considerada controlada e, como consequência, falta ensino nas universidades, os formandos nos vários cursos de saúde desconhecem a doença.

-A SBH promove vários cursos de capacitação no Brasil. Nas localidades onde os profissionais da Atenção Básica à Saúde são capacitados, há um aumento importante de diagnósticos de hanseníase.

Endemia oculta no Brasil
A SBH acredita que existam de 3 a 5 vezes mais casos da doença do que os 30 mil diagnósticos anuais, o que configura uma endemia oculta de hanseníase.

A doença não pode ser erradicada, assim como a gripe, por exemplo. Mas pode ser controlada. Não há ainda uma vacina, mas os hansenologistas brasileiros estão avançados em pesquisas e seus estudos vêm sendo divulgados frequentemente em publicações científicas brasileiras e estrangeiras. A estratégia de enfrentamento à hanseníase é a ampliação dos diagnósticos para quebrar a cadeia de transmissão do bacilo.

Vários públicos no congresso
O congresso da SBH é um evento bastante diferente dos congressos médicos em geral pois, junto aos médicos, pesquisadores, cientistas, professores, estudantes e vários outros profissionais de saúde, o evento reúne movimentos sociais que trabalham diretamente com pacientes, profissionais de direitos humanos, historiadores, organizações brasileiras e estrangeiras que desenvolvem programas de enfrentamento à doença e orientação à população, projetos de reintegração do paciente e familiares e ações para reparação de danos por internação compulsória por hanseníase etc. O evento também recebe as pessoas que foram vítimas da doença e de todos os problemas sociais e preconceitos que a hanseníase carrega.

SBH
Fundada em 1948, atua em cinco frentes:

-Certifica os médicos hansenologistas que atuam em território nacional – é responsável pela aplicação da avaliação teórico-prática e emissão do Certificado de Área de Atuação em Hansenologia para médicos no Brasil.

-Promove treinamento e capacitação para profissionais de saúde – realiza cursos gratuitos de treinamento e atualização em Hansenologia, que acontecem, preferencialmente, em capitais e interior do país, em regiões de alta endemicidade para a hanseníase e lançou em 2022 o curso de pós-graduação em Hanseníase para médicos do SUS, com projetos piloto no Mato Grosso e Espírito Santo.

-Realiza o Simpósio Brasileiro de Hansenologia e Congresso Brasileiro de Hansenologia, os maiores eventos sobre o tema no Brasil.

-É parceira do Ministério da Saúde nos grupos de trabalho e Comitê Técnico Assessor que desenvolvem as políticas e estratégia de combate à hanseníase no Brasil.

-Realiza a campanha nacional e permanente “Todos Contra a Hanseníase”, estratégia de relacionamento da entidade diretamente com a sociedade civil, objetivando levar informações a vários públicos de interesse. AGENDA:
16º Congresso Brasileiro de Hansenologia
Data: 7 a 10/12
Local: Sheraton Vitória Hotel – Vitória/ES
Informações: www.sbhansenologia.com.br

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