Já são mais de 60 escritores que ganham, cada um, um capítulo especial
Quem navega pelas redes sociais do escritor Menalton Braff acha uma verdadeira biblioteca sobre literatura. O escritor, que vive em uma pequena cidade paulista, mantém uma rotina de produção que vai muito além dos romances que publica. Em 2022, Braff decidiu contribuir para popularizar o trabalho de romancistas brasileiros esquecidos ou ignorados. Foi então que criou a série “O Romance no Brasil”, publicada todas as terças-feiras no perfil @menalfon.braff do Facebook, que já coleciona mais de 60 escritores divulgados.
Braff escolhe nomes que admira, aponta os principais traços e características do autor, faz uma resenha sobre os livros e encerra com um fragmento de uma peça literária. Ele diz que passou a vida como professor e que a escola sempre trabalhou muito com os autores do século 19, como Machado de Assis, José de Alencar e alguns outros. “Mas achei que estava na hora de falar de nomes que também escrevem ou escreveram bons livros e não são discutidos em salas de aula”, comenta.
A série é uma viagem pela literatura brasileira. “O mineiro Carlos Herculano Lopes foi esquecido. Tem, ainda, Maria Firmina dos Reis, uma escrava que se alforriou e virou romancista – muito boa!”, ressalta, além da premiada escritora e professora Carola Saavedra, que “escreve de maneira ímpar”, diz Menalton. Sobre o livro “Flores Azuis” da escritora, Braff comenta que é uma prosa sutil e uma engenhosa montagem, trama de amores despedaçados e destinos possíveis, que homenageia e ao mesmo tempo desconstrói o gênero do romance epistolar.
Outra preciosidade pouco conhecida é “A menina morta”, de Cornélio de Oliveira Penna (1896-1958), um dos melhores romances já escritos no Brasil e que ganhou um capítulo na série de Menalton Braff. E também o mulato marceneiro Teixeira e Sousa que surge como o primeiro romancista brasileiro, na primeira metade do século XIX, com “O filho do pescador”.
Tem, ainda, o mineiro Waldomiro de Freitas Autran Dourado (1926-2012), que conquistou os prêmios Camões, Machado de Assis e Jabuti. “A literatura de Autran Dourado é vanguardista pela técnica e linguagem. É formada de conteúdo quase sempre trágico, mas onde está presente um clima poético. Suas personagens, em geral, são criaturas solitárias, tipos primitivos, figuras inadaptadas à vida que as cerca”, analisa Braff.
O piauiense Assis Brasil é o nome escolhido para a próxima terça-feira, 5 de setembro.
Menalton Braff
O escritor lança, em outubro, novo livro, pela editora Reformatório. Vencedor dos prêmios Jabuti e Machado de Assis da Fundação Biblioteca Nacional, conquistou o selo Altamente Recomendável da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, com “Castelo de Areia” (2016), além de inúmeras classificações como finalista e semifinalista de importantes premiações literárias.