Levantamento nos maiores hospitais de Ribeirão Preto e região mostra preocupação com falta de funcionários ao trabalho, entrega de hortifrútis e novas encomendas
“É grande a preocupação com o transporte dos funcionários para os hospitais, fornecedores recusando pedidos e escassez de hortifrútis e alguns medicamentos desde a última sexta-feira”, resumiu o presidente do Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios de Ribeirão Preto, Yussif Ali Mere Junior, sobre a situação dos hospitais na região de Ribeirão Preto.
Alguns hospitais informaram que, até a manhã desta segunda-feira, 28, os funcionários se organizaram em caronas com colegas, mas, com a falta de combustível e restrição nos horários de ônibus, é possível que a partir de amanhã aumente o número de ausências no trabalho. Um hospital informou que cogita buscar alguns colaboradores em casa.
Vários hospitais têm estoque para apenas uma semana de oxigênio, medicamentos e suprimentos. As entregas de hortifrútis e alguns cortes de carne resfriada não estão sendo feitas e alguns hospitais têm feito compras em supermercados.
Hospitais informam que fornecedores já não estão aceitando novos pedidos por não terem como fazer as entregas. Um hospital está tentando obter informações sobre o fornecimento de hemoderivados, mas até 12h desta segunda, 28, não tinha conseguido informações. Outro registra falta de alguns antibióticos e alguns anestésicos. O departamento jurídico de um dos hospitais está reunido para decidir sobre prorrogação de algumas cirurgias.
Em um dos hospitais, que estava sem dieta enteral na sexta-feira, 25, a entrega foi feita hoje, mas não há previsão para novas entregas.
Em Ribeirão Preto, a Secretaria Municipal da Saúde informou que as unidades de saúde e serviços de hemodiálise funcionam normalmente, o atendimento nos hospitais continua dentro da normalidade, as ambulâncias do Samu estão funcionando, porém com circulação restrita, de avaliação caso a caso, sendo que casos de urgência e emergência, no entanto, têm atendimento assegurado.
No estado de São Paulo
Estradas foram desbloqueadas, mas nesse momento hospitais e serviços de saúde ainda não tiveram abastecimento regularizado no estado de São Paulo, pois as empresas transportadoras de materiais, medicamentos e alimentos estão com dificuldade de encontrar combustível.
Hospitais e serviços de saúde de todo estado criaram comitês para gerenciamento da crise de abastecimento. E as reduções de atendimento médico-hospitalar estão mantidas enquanto não houver normalização das entregas. Cirurgias eletivas estão sendo canceladas mantendo-se apenas o atendimento de urgência. E contenção no uso das roupas cirúrgicas e no enxoval de hospitais como toalhas, lençóis etc.
Segundo o médico Yussif Ali Mere Jr, a situação dos hospitais continua crítica. “Recomendamos à população que só procure hospitais em casos de urgência. Soubemos de casos de hospitais no Vale do Paraíba que estão suprindo alimentos com compras em supermercados por falta de entrega. E alguns fornecedores de refeições também estão com problemas no recebimento de alimentos. Muitos hospitais precisam repor oxigênio entre hoje e amanhã. Estamos aguardando que as entregam ocorram ainda hoje”, destaca.
Preocupa a situação de entrega de materiais e medicamentos de empresas da capital para serviços de saúde da Grande São Paulo, pois as empresas que realizam entregas embora não enfrentem mais o bloqueio das estradas, enfrentam agora a dificuldade de conseguir combustível.